Numa Seleção em reconstrução, onde cada convocado precisa justificar sua presença, Alexsandro Ribeiro, ou apenas Alex, zagueiro do Lille, estreou com a camisa do Brasil no empate contra o Equador e, depois, ajudou na vitória por 1x0 sobre o Paraguai.
Mas por trás da segurança defensiva está uma história ainda mais sólida.
Nascido em Duque de Caxias (RJ), Alexsandro é o mais velho de 4 irmãos e cresceu como a figura paterna deles. Enquanto sua mãe vendia objetos no lixão para sustentar os 5 filhos, o futebol era mais que um sonho:
"Sempre me reergui pensando na minha família. A situação que a gente estava era muito precária, e eu queria tirar dessa situação. Mesmo que aquilo me entristecesse, me desanimasse, quando eu abria a geladeira e não tinha nada para comer, abrindo o armário e não tinha um biscoito... Aquela situação que era negativa, eu transformava em positiva para me reerguer. Foi a falta de tudo, do básico, dentro da minha casa que eu fiz como se fosse positiva."
Após fazer a base no Bonsucesso e no Flamengo, seu time de coração, com Vini Jr. e Hugo Souza, ficou sem espaço e foi dispensado. Passou 1 ano e meio sem clube. Alex fez mais de 10 testes — todos sem sucesso.
Precisando ajudar a família, começou a catar latinhas, vender o que podia, fazer bicos: em obras, com corte de grama, como feirante… tudo para conseguir comer e alimentar os seus.
Até que, em 2019, surgiu uma oportunidade em Portugal. Um técnico que conheceu em um teste no Fluminense, Leo Percovich, apresentou a chance de Alex se profissionalizar pelo Praiense.
Foi na terceira divisão portuguesa que a virada começou. Após ganhar cada vez mais espaço no país, com a camisa do Chaves, Alex virou líder técnico e emocional da equipe. No fim da temporada 2021/22, o time conseguiu o acesso à 1ª divisão.
O destaque chamou atenção do Lille, da França, que investiu € 2 milhões em sua contratação no meio de 2022. E Alexsandro não decepcionou. Só na última temporada:
O zagueiro, pilar da defesa do clube francês, sempre acreditou nos seus sonhos e manteve sua essência — conheça mais dele nesse bate-bola rápido aqui.
Em 2021, fez uma lista com 5 metas:
Após conquistar muitos dos itens da lista, um sonho não listado também se tornou real.
A convocação para os amistosos de junho veio como um reconhecimento ao desempenho. Em sua estreia contra o Equador, em Guayaquil, mostrou segurança ao lado de Marquinhos.
Depois, foi titular novamente na vitória contra o Paraguai, na Neo Química Arena, que garantiu a classificação do Brasil para a Copa, marcou a primeira vitória de Carlo Ancelotti no comando da Seleção e também a estreia de Alexsandro, como profissional, em solo brasileiro.
Sem sofrer gols nas duas partidas, ele já se firma como uma opção real para o ciclo até 2026, num elenco que o Mister parece buscar mais do que talento: procura histórias, caráter, obediência tática e superação. E Alex entrega tudo isso.
Com apenas 25 anos, o zagueiro que um dia não tinha chuteira e ajudava a mãe com as contas virou exemplo dentro e fora de campo. Voltou à sua comunidade para visitar amigos, ajudar quem o ajudou e mostrar que é possível chegar, mesmo vindo de onde ele veio — veja aqui.
Do lixão à Seleção. Do Praiense à Arena Corinthians. Alexsandro Ribeiro é a cara de um Brasil que, com coragem e trabalho, sonha em conquistar o mundo novamente.
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