Chegamos no final de semana das eleições. Neste domingo, milhões de brasileiros estarão indo às urnas votar em seus candidatos a prefeitos e vereadores de suas respectivas cidades.
Somos mais de 155 milhões de eleitores aptos a votar, uma alta de 5,4% em relação a 2020, sendo 135 milhões obrigatórios e 20 milhões facultativos — adolescentes +16 e idosos +70.
Além do prefeito de cada um dos 5.569 diferentes municípios, também serão escolhidos mais de 58.000 vereadores ao redor do país. Se você é de SP, BH ou Rio e não faz ideia em quem pretende votar para vereador, achamos essa ferramenta que pode te ajudar.
Curiosidades
→ Há um novo município nas eleições: Boa Esperança do Norte, do Mato Grosso, com pouco mais de 4.243 votantes.
→ Distrito Federal e de Fernando de Noronha, assim como quem vota no exterior, não participa de eleições municipais.
Você pode ver outros números sobre o perfil dos eleitores deste ano clicando aqui.
Se você tem em mente que estamos em um dos momentos mais polarizados da história, o domínio das prefeituras Brasil afora não mostra exatamente isso.
Ao que parece, quem está no topo é o Centrão — e isso não deve mudar. Hoje, o PSD é o partido com mais prefeituras (968), seguido do MDB (838).
Mas, se olharmos para a comparação PL vs. PT, o partido do Bolsonaro fica na frente hoje, com 371 prefeituras, contra 182 prefeituras do partido do Lula.
Ao que tudo indica, esse panorama deve continuar ou até piorar para o partido do presidente. Isso porque a esquerda não está com candidatos em 51% dos municípios — 2.859 dos 5.569.
Esse é o menor número desde 2000, mas ele já vinha em queda desde 2016, ano do impeachment da Dilma e do movimento anti-PT com a Lava Jato.
(Imagem: Poder360)
Considerando as 103 cidades com +200 mil eleitores — que podem ter segundo turno — nomes apoiados por Bolsonaro lideram em mais locais do que candidatos ligados a Lula.
Se olharmos somente para as capitais, candidatos de Lula lideram em 6 capitais, enquanto os de Bolsonaro lideram em 14. Veja no detalhe aqui.
👀 Um número bizarro: Ao todo, 2.951 municípios (53%) têm até dois candidatos na disputa pela prefeitura — 214 têm apenas um.
Se as eleições municipais fossem uma empresa, elas teriam um faturamento do nível de grandes companhias listadas na nossa Bolsa de Valores: 13 bilhões de reais.
Boa parte disso vem do Fundo Eleitoral de R$ 4,91 bilhões, que é 150% maior que o das eleições de 2020 e o maior da história para uma eleição municipal.
No entanto, até os registros mais recentes, desses R$ 13 bi, “apenas” R$ 7,9 bilhões foram usados pelas campanhas — lembre-se que ainda vem 2º turno pela frente.
Olhando por partido, o que mais gastou verba foi o PL, com quase R$ 1,2 bi, seguido de PT, União e PSD. Veja o gráfico:
Do total de R$ 7,9 bilhões, R$ 6,5 bi já foram despesas pagas, logo contabilizadas. Dentro disso, R$ 4,3 bi aparecem como “transferências para candidatos” — sem dar para ver detalhes do uso.
No final das contas, só é possível ver especificações dos outros R$ 2,2 bilhões. Dessa quantia, há diversos tipos de gastos (veja todos aqui), mas esses são os principais:
Falando em impulsionamento de conteúdo, o Facebook (Meta) foi a empresa em que os candidatos mais investiram verba: um total de R$ 80 milhões. Tio Zuck sorrindo à toa… Aprofunde nos dados aqui se quiser.
(Imagem: UOL)
No meio de todos esses números e de todas essas eleições, o que já seria a maior eleição municipal — por ser a maior cidade do país — tomou uma proporção nacional, possivelmente nunca antes vista na história do país.
Boa parte disso tem nome e sobrenome: Pablo Marçal. Com dinheiro do próprio bolso e sem tempo de TV, ele mexeu nas peças do tabuleiro usando apelidos, frases de efeito e cenas atípicas — sendo o ápice, a cadeirada 🪑 — e colocando tudo isso em cortes com milhões e milhões de views.
Além disso, ele parece ter conseguido causar algo inédito também na direita e nos apoiadores de Jair Bolsonaro: desobediência ao que Messias diz. Lembre-se que Bolsonaro está apoiando Nunes, seguindo o acordo feito pelo seu partido.
Igualmente, poderá mostrar a força da esquerda e do próprio Lula, caso Guilherme Boulos, o candidato do PSOL, que é apoiado pelo presidente, seja o vencedor.
Inclusive, quando perguntamos a vocês sobre quais candidatos estariam em um possível 2º turno, esse foi o resultado:
Com um total de 26.806 respondentes, a opção mais votada foi Ricardo Nunes x Pablo Marçal, com 9.007 votos (33,60%). A ordem geral ficou:
Antes que você se pergunte por que colocamos essas três opções e não outras, saiba que o motivo é simples: os três eram e são os primeiros colocados em todas as pesquisas eleitorais feitas.
Pelo DataFolha, Boulos tem 26%, Nunes 24% e Marçal 24%, um empate técnico, considerando a margem de erro de dois pontos. Enquanto isso, Tabata tem 11%, Datena 4% e Marina Helena 2%. Veja as variações das últimas pesquisas:
Outras pesquisas indicam algumas mudanças no cenário, com alguma alteração na ordem entre os três, mas quase todas as dessa semana mostrraram esse empate técnico.
Fato é que, com essas pesquenas variações, é bem provável que o resultado dessa eleição seja bastante apertado e seja descoberto só nas últimas levas de contagem dos votos amanhã.
Com a ideia de fazer nossa audiência conhecer melhor os candidatos dessa disputa, decidimos fazer perguntas aos 6 candidatos à prefeitura de São Paulo, sendo 3 sobre a cidade de São Paulo e 3 sobre assuntos mais amplos.
O objetivo é abrir espaço para o candidato mostrar para vocês como ele pensa, respondendo a perguntas rápidas, mas inteligentes, que provavelmente nenhum outro veículo os fez.
Conseguimos contato com todos com mais de 3 dias de antecedência, mas as assessorias de Nunes, Marçal e Datena não enviaram as respostas para nossa equipe dentro do prazo estipulado e alinhado.
Vamos ao Q&A:
Tabata: São Paulo é uma filha orgulhosa da periferia que teve sua vida transformada pela educação pública de qualidade e luta diariamente para que o filho do pobre e o filho do rico tenham as mesmas oportunidades de estudo, crescimento e trabalho.
Boulos: São Paulo é uma mulher batalhadora, independente, mãe e moradora da periferia. Alguém que jamais desiste e itá. pronta para ajudar quem precisa, sem perder a alegria de viver. É como a cidade com a qual sonhamos.
Marina Helena: Uma pessoa linda, brava, corajosa e trabalhadora, mas que cuida pouco de si própria.
Nunes: -
Marçal: -
Datena: -
Tabata: Vou tornar o transporte público confiável, com ampliação dos corredores de ônibus e paineis eletrônicos em todos os pontos com o horário de chegada e saída do ônibus. Todos os semáforos da cidade serão inteligentes, sendo regulados pelo movimento da rua e criando ondas ver pppdes. Vou redesenhar as linhas. A cidade mudou mas as linhas seguem iguais.
Boulos: Precisamos de transporte público eficiente, com mais ônibus e menos tempo nos deslocamentos. Para isso, vamos ampliar os corredores exclusivos de ônibus. Também vamos combinar a malha de ciclovias com os terminais de ônibus e estações de metrô e investir em mais semáforos inteligentes.
Marina Helena: Quero transformar São Paulo num grande laboratório de inovação do transporte urbano. Hoje quase toda inovação de serviços de transporte é proibida na cidade. Se eu for eleita, São Paulo terá um “sandbox regulatório” para garantir segurança jurídica a novos serviços de transporte, aluguel, fretamento e compartilhamento, de modo que a força da inovação da livre iniciativa nos ajude a eliminar o caos do transporte da cidade.
Nunes: -
Marçal: -
Datena: -
Tabata: Todo crime violento e contra a vida é o que mais assusta: homicídio, latrocínio e estupro. Vou combatê-los com patrulhamento da GCM nos pontos adequados e com iluminação e monitoramento das ruas, inteligência e tecnologia.
Boulos: Hoje não há política pública consistente na cidade de prevenção e enfrentamento à violência e feminicídio. Vamos ampliar a Patrulha Guardiã Maria da Penha, com mais guardas, viaturas e bases nas periferias, e fortalecer a rede de proteção às mulheres.
Marina Helena: Que um terço dos moradores já teve seu celular roubado. Pra ajudar a resolver, vamos botar a guarda municipal na rua, nas saídas de estações de metrô, creches e escolas.
Nunes: -
Marçal: -
Datena: -
Tabata: Não. Diante da ameaça à democracia que vivemos há 2 anos, a atuação contundente de Moraes foi determinante. Abusos de autoridade devem ser analisados no âmbito adequado, a Justiça.
Boulos: Essa é uma pauta que simboliza os ataques da extrema direita à democracia às instituições. O impeachment de um ministro do STF é assunto muito sério e grave para ser tratado à luz de uma agenda puramente ideológica.
Marina Helena: Sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim sim e sim!
Nunes: -
Marçal: -
Datena: -
Tabata: Desejo que a Venezuela inicie o quanto antes a transição da atual ditadura para uma democracia plena. O que aconteceu na Venezuela foi uma fraude eleitoral.
Boulos: Há indícios cada vez mais evidentes de que faltou transparência no processo eleitoral na Venezuela neste ano. Um governo que não tem transparência não é democrático.
Marina Helena: Jamais!
Nunes: -
Marçal: -
Datena: -
Tabata: Tomaria um café com Darcy Ribeiro, uma referência importante na educação não só aqui no Brasil, mas no mundo todo, além de Malala Yousafzai e Michelle Obama, duas mulheres fantásticas. Imagina que conversa boa!
Boulos: Doutor Sócrates, sem pensar duas vezes. Craque do Corinthians, cabeça brilhante, voz que uniu futebol à defesa da democracia. Ele entendeu como ninguém que futebol é um fenômeno político e que, como ídolo de milhares de pessoas, tinha um compromisso com o povo brasileiro.
Marina Helena: Com o Elon Musk. É uma pessoa incrível, o homem que fez foguete dar ré, que está do lado certo em diversas polêmicas dos dias de hoje.
Nunes: -
Marçal: -
Datena: -
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