No UFC, alguns atletas vencem. Outros fazem história. Jon Jones é uma categoria à parte. A trajetória do campeão aposentado, que amanhã completa 38 anos, é uma mistura de talento precoce, domínio absoluto e um constante flerte com o caos.
Jon “Bones” Jones estreou em 2008 e, três anos depois, tornou-se o campeão mais jovem da história do UFC, aos 23 anos e 243 dias, ao derrotar Maurício Shogun. A relíquia que é essa luta completa está aqui.
O cinturão dos meio-pesados mudou de dono naquela noite, mas o esporte, de certa forma, mudou de direção. Começava ali um reinado técnico, cerebral e dominante — talvez o mais imponente que o MMA já viu.
Entre 2011 e 2014, dominou as lendas Rampage Jackson, Lyoto Machida, Rashad Evans, Vitor Belfort, Chael Sonnen, Alexander Gustafsson, Glover Teixeira e Daniel Cormier, estabelecendo o recorde de 8 defesas consecutivas de cinturão no meio-pesado.
Seu cartel de 28 vitórias, 1 derrota (por desclassificação) e 1 "No Contest" revela um número: ninguém jamais o superou legitimamente dentro do octógono.
Bones também se tornou o campeão com mais tempo com o cinturão dos meio-pesados: 1.501 dias, antes de começar a ter suas primeiras confusões.
Problemas com drogas, prisões, doping, polêmicas recorrentes... Entre 2015 e 2018, foram múltiplos afastamentos, suspensões e a retirada do cinturão de suas mãos.
A instabilidade de Jones gerava uma constante sensação de que, para muitos, o maior lutador da história do UFC poderia ter sido ainda mais lendário — se tivesse mantido os próprios demônios em silêncio.
Após enfim recuperar o cinturão no fim de 2018 e defendê-lo mais 3x — maior número de defesas de cinturão no meio-pesado (11) — Jones abriu mão do título por divergências financeiras com Dana White, em uma possível luta com Francis Ngannou.
Em 2023, após três anos longe das lutas, ele retornou, agora como peso-pesado. E, como se o tempo nunca tivesse passado, finalizou Ciryl Gane em menos de 3 minutos, tornando-se um dos apenas 10 duplo campeões da história do UFC.
O cinturão de uma nova categoria foi conquistado com a naturalidade de sempre — e defendido também, contra Stipe Miocic, em novembro de 2024. Foi sua 12ª vitória em lutas por título no UFC e também seu 17º combate valendo cinturão — recorde da organização.
Quando muitos afirmavam que ele estava fugindo de uma luta com o então campeão interino, Tom Aspinall, em junho de 2025, 7 meses após vencer Miocic, Dana White chocou o mundo ao anunciar que Jon Jones estava aposentado.
Nesta semana, durante o ESPY Awards, Jones foi perguntado sobre sua retirada do octógono e respondeu:
"Eu com certeza me aposentei... mas sei que todos gostam de um bom retorno, né?"
A declaração é tratada como posição oficial, após o lutador já ter afirmado que voltou aos treinos para o icônico UFC Casa Branca, que será realizado no dia 4 de julho de 2026 — data da independência americana — no gramado da residência do presidente dos EUA.
A concorrência pelo card do evento é grande, e muitos lutadores têm se oferecido para fazer parte. Caso Jones seja escalado, seus fãs poderão lembrar, no futuro, que, na semana do aniversário dele, foram eles que ganharam o presente: a volta do GOAT.
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