No início da noite de ontem, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar por decisão do ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a decisão, Bolsonaro teria descumprido medidas cautelares ao usar as redes sociais de terceiros para se manifestar politicamente — entre elas, a conta do senador Flávio Bolsonaro, seu filho.
Em um vídeo postado nesse domingo — e deletado horas depois —, Flávio colocou o pai no viva-voz para cumprimentar manifestantes em Copacabana: “É pela nossa liberdade. Estamos juntos”, disse o ex-presidente.
Para Moraes, a atitude representa uma tentativa deliberada de burlar a Justiça: “A Justiça é cega, mas não é tola”, escreveu o ministro, ao destacar que o ex-presidente reiterou condutas que buscam “coagir o Supremo” e “obstruir investigações”.
Pela decisão, Bolsonaro:
Integrantes da esquerda e aliados do governo aprovaram a decisão do ministro. O deputado federal Lindbergh Farias afirmou que a decisão foi proporcional e inevitável, diante da “repetida provocação” de Bolsonaro ao Supremo.
Quem também se manifestou foi Guilherme Boulos, que ironizou o ex-presidente ao escrever “um tornozelo de cada vez em direção a Papuda” nesse post.
Para aliados do governo, o ex-presidente estaria propositalmente "cavando" a própria prisão, na tentativa de alimentar o discurso de perseguição e mobilizar apoiadores.
Além de figuras como Tarcísio de Freitas e Eduardo Bolsonaro, o deputado Nikolas Ferreiras postou em suas redes sociais um vídeo criticando a decisão tomada por Alexandre de Moraes.
"Prisão domiciliar decretada de Jair Bolsonaro por Moraes. Motivo: Corrupção? Rachadinha? Desvio de bilhões? Roubou o INSS? Não. Seus filhos postaram conteúdo dele nas redes sociais. Que várzea!!"
Apoiadores do ex-presidente acusam Moraes de tentar silenciar Bolsonaro após as manifestações e ainda questiona o timing da decisão — horas após a publicação de um dossiê por um jornalista americano com supostas provas de uma força-tarefa ilegal do STF para investigar bolsonaristas após os atos de 08/01 — entenda mais aqui.
A decisão também teve forte repercussão fora do Brasil. O Washington Post destacou que Bolsonaro é investigado por liderar uma conspiração para anular as eleições, enquanto o New York Times relacionou o episódio à tensão diplomática gerada pelas tarifas de Trump contra o Brasil.
Já a BBC e a Al Jazeera pontuaram a coincidência entre a decisão e os protestos pró-Bolsonaro no fim de semana.
No campo diplomático, o governo dos Estados Unidos condenou publicamente a ordem de prisão domiciliar e afirmou que responsabilizará “todos os que colaborarem com condutas sancionadas”.
Zoom out: A prisão domiciliar do ex-presidente aprofunda a crise entre Poderes e consolida, ainda mais, a polarização política brasileira. Além disso, Bolsonaro se torna quarto ex-chefe de Estado do país a ser preso desde a redemocratização.
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