Três décadas atrás, Romário de Souza Faria atingiu o topo do futebol mundial. No dia 30 de janeiro de 1995, o Baixinho foi coroado como o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar o prêmio.
Foi o reconhecimento de um ano mágico, em que ele levou o Brasil ao tetracampeonato mundial e destruiu defesas pelo Barcelona.
O caminho até esse ápice começou no subúrbio do Rio de Janeiro, onde Romário cresceu jogando futebol nas ruas. Aos 12 anos, seu pai o levou para o Vasco da Gama, mas o clube cruzmaltino o rejeitou devido à sua baixa estatura.
O curioso é que o atacante foi para o Olaria e estourou nas categorias de base, sendo comprado pelo Vasco 3 anos depois.
Baixinho, veloz, abusado e com uma finalização cirúrgica, Romário fez sua estreia como profissional em 1985 e, poucos anos depois, já era protagonista no futebol brasileiro.
(Imagem: Vasco)
Em 1988, seu talento ultrapassou fronteiras e o levou para o PSV Eindhoven 🇳🇱. Foi lá que ele aprimorou seu faro de gol e se transformou em uma máquina de fazer gols.
Depois de 5 temporadas e 3 títulos nacionais, Romário seguiu para um dos maiores desafios da carreira: o Barcelona de Johan Cruyff.
Se na Holanda ele já era temido, na Espanha virou um pesadelo para os zagueiros. Em sua 1ª temporada pelo Barça, marcou 30 gols em 33 partidas e foi peça-chave na conquista do título espanhol.
Seu estilo provocador e seu jeito irreverente encantavam os torcedores, mas nem sempre agradavam o exigente Cruyff.
O episódio mais icônico dessa relação foi o famoso "acordo do Carnaval" – segundo a lenda, Romário pediu folga para viajar ao Brasil e o técnico holandês aceitou, com a condição de que ele marcasse dois gols no jogo seguinte.
O resultado? Dois gols antes do intervalo e Romário já estava no aeroporto antes do apito final.
(Imagem: Getty Images)
Embora o Barcelona tenha proporcionado fama mundial, foi com a Seleção que ele alcançou a eternidade.
Depois de quase ficar de fora do Mundial por desentendimentos com Parreira, Romário foi chamado para o jogo decisivo contra o Uruguai nas Eliminatórias e marcou os 2 gols da vitória que garantiu a classificação para os Estados Unidos.
No torneio, dominou como poucos ao anotar 5 gols, especialmente na semifinal contra a Suécia, quando marcou o gol da classificação para a final. Já na decisão contra a Itália, converteu sua cobrança e ajudou o Brasil a levantar a taça após 24 anos de espera.
O título mundial foi o carimbo definitivo para que Romário levasse o prêmio de melhor do mundo da FIFA. A votação, realizada no dia 30 de janeiro de 1995, foi um atropelo: 346 pontos para Romário contra 100 de Stoichkov, seu ex-companheiro de Barcelona.
(Imagem: Acervo O Globo)
O dono do mundo (e das praias cariocas)
Mas o melhor do mundo não quis saber de ficar muito tempo no futebol europeu. Poucos dias antes de receber o troféu, Romário desembarcou no Brasil para jogar pelo Flamengo.
Sua chegada ao Rio foi digna de rockstar: desfile em carro aberto, multidão nas ruas e uma recepção calorosa dos rubro-negros.
(Imagem: AFP)
A decisão de trocar o Barcelona pelo futebol brasileiro, no auge da carreira, foi vista com surpresa, mas para Romário, o que importava era estar perto de casa e de sua família.
O retorno ao Brasil não impediu que ele continuasse empilhando gols. Romário passou por clubes como Flamengo, Vasco e Fluminense, sempre marcando história.
Em 2000, aos 34 anos, foi eleito o melhor jogador da América após uma temporada absurda pelo Vasco, na qual anotou 73 gols em 74 jogos. Sete anos mais tarde, alcançou a casa do milésimo tento com esse gol aqui.
No total, foram 1002 gols em sua trajetória – 768 deles em partidas oficiais —, superando até Pelé nessa estatística. Romário pode ter parado de jogar, mas seu nome segue escrito com letras douradas na história do futebol.
Trinta anos após ser coroado o melhor do mundo, o Baixinho continua sendo um dos maiores camisas 11 de todos os tempos. Irreverente, decisivo e letal. Um verdadeiro gênio da grande área.