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Quarta-feira à noite, estádio lotado, derby paulista, arquibancadas vibrando com o Corinthians e Palmeiras em Itaquera.
Entre gritos, vaias e o ritual costumeiro do futebol, uma cena chamou mais atenção do que o próprio placar: a presença do Ministro Alexandre de Moraes, poucas horas depois de ser sancionado pela Lei Magnitsky.
Provocado pela torcida do seu próprio time, o integrante da mais alta corte do país mostrou seu dedo do meio direito para o público.
O cargo que representa o topo do Judiciário, o pilar da Constituição, o símbolo máximo da estabilidade institucional — reduziu-se a um gesto de impulsividade e desrespeito.
O gesto, em si, pode até ser pequeno — ainda mais considerando o contexto de um estádio de futebol. O problema é quem o faz e o peso simbólico que carrega.
Um juiz da suprema corte, que jurou proteger a imparcialidade, a liturgia do cargo e a dignidade da Justiça.
E o que ele fez foi o oposto: Respondeu ao povo com o mesmo gesto que adolescentes usam no pátio do colégio.
Insultou a arquibancada, ofendeu aqueles que acreditam em um país sério — e além disso, ofendeu o próprio cargo.
Uma ofensa a tantos juízes sérios, discretos e comprometidos, que viram ali sua classe sendo exposta ao vexame por um dos seus.
Será que não é parte da função manter a compostura quando o resto do país já perdeu?
Talvez todo mundo tenha se esquecido que quem paga o salário de qualquer funcionário público — incluindo o do excelentíssimo Ministro — eram aqueles que estavam na arquibancada, e você que viu tudo nas redes sociais.
Talvez o ministro tenha simplesmente ilustrado — ou demonstrado — exatamente o recado que as instituições do Brasil já tentam passar há algum tempo, mas ainda não haviam tido a coragem que ao Dr. Alexandre nunca faltou:
"Que vocês todos — trabalhador ou empresário, criança ou adulto, corintiano ou palmeirense, esquerda ou direita — se danem, de preferência aí embaixo, bem longe daqui. Foda-se.”
Naquela noite, não foi a torcida que perdeu a linha.
Foi quem deveria estar acima dela.
Esse texto não é sobre política.
Nem sobre quem o aplaude ou quem o detesta.
É sobre decoro, exemplo e o que esperamos de um juiz.
Porque se até o presidente do Supremo desce ao nível da provocação, o que sobra do pacto institucional?
Dedo do meio, Sr. Ministro?
O país merece mais do que isso.